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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Saúde e condições de trabalho dos bancários e bancárias. Estas foram as pautas da reunião da Mesa de Saúde entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), realizada na manhã da sexta-feira (25), em São Paulo.
A reunião começou com o debate sobre as Normas Regulamentadoras (NRs), com foco nas NRs 1 e 17. A NR-1, recentemente atualizada pela Portaria do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) nº 1.419/2024, que determina que as empresas devem identificar, avaliar e controlar riscos psicossociais, como estresse, assédio moral e burnout. Já a NR-17 estabelece parâmetros para adaptar as condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, promovendo saúde e bem-estar no ambiente laboral.
Cartilha sobre assédio
O movimento sindical e a Fenaban se comprometeram a fazer uma manifestação pública formal ao MTE em apoio a NR1, que tem sido questionada por grupos empresariais. Foi discutida ainda a elaboração de uma cartilha com orientações sobre o que caracteriza o assédio moral, o que define um ambiente de trabalho saudável e como os trabalhadores podem identificar e reagir a situações de violência organizacional. Os bancos prometeram apresentar uma cartilha com diretrizes sobre o tema em até 90 dias.
O movimento sindical comprometeu-se a elaborar uma proposta de cartilha com fluxo e orientação para os trabalhadores em caso de necessidade de afastamento por motivos de saúde. Os dirigentes sindicais reivindicaram também acesso às informações das pesquisas internas feitas pelos bancos. O objetivo é sugerir medidas preventivas com base em dados reais.
Mais um caso nos bancos
O Comando Nacional expressou, durante o encontro, repúdio ao caso de uma executiva do Goldman Sachs que sofreu assédio moral após sua licença-maternidade e, em consequência da violência psicológica, ela desenvolveu uma doença ocupacional. A Fenaban se comprometeu a buscar esclarecimentos junto ao banco envolvido e investigar o ocorrido, além de reforçar a importância do canal de denúncia.
Negação da realidade
Os representantes dos trabalhadores ficaram indignados com a postura da Fenaban de não reconhecer que o ambiente de trabalho nos bancos é fator determinante para o aumento de casos de doenças psicossociais na categoria. “Isso é um absurdo. Os números mostram que os bancários concentram uma parcela expressiva dos afastamentos por doenças relacionadas ao trabalho, especialmente quando se trata de transtornos mentais. As doenças mentais e comportamentais já são a principal causa de afastamento entre bancários. Em 2024, elas representaram 55,9% dos afastamentos acidentários na categoria e 51,8% do total de afastamentos previdenciários”, ressaltou Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT. .
O secretário de Saúde da Contraf-CUT, Mauro Salles, disse que é urgente que os bancos encarem a realidade e assumam a responsabilidade pela saúde dos trabalhadores. “O ritmo de trabalho, as metas abusivas, a pressão e a falta de apoio têm deixado marcas profundas nos bancários. Precisamos de medidas efetivas e não apenas discursos”, cobrou.
Os bancos se comprometeram a apresentar o balanço dos canais de denúncias na próxima reunião, ainda sem data marcada.
O presidente do Sindicato do Rio José Ferreira também participou da reunião na capital paulista.